Oficina:
Leitura e Produção
de Texto
Redação
1. Forme grupos de 5 componentes.
2. Continue os textos que começam com os versos:
a)Se esta rua,
se esta rua fosse minha....
b) O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada .....
c) Batatinha quando nasce....
d) Cai cai balão....
3. Em sua opinião, estes textos tornaram-se conhecidos por meio da fala ou da escrita?
4. Cite outros exemplos de textos populares.
5. Você sabe o que são quadras ou quadrinhas? Exemplifique.
6. Leia a quadrinha:
Menina dos olhos grandes,
olhos grandes como o mar,
Não me olhes com seus olhos
Para eu não me afogar.
(quadra Popular do Rio Grande do Sul)
a) Para você as quadras podem ser consideradas poemas? Por quê?
b)De quantos versos cada quadra é formada?
c) Qual nome se dá ao recurso poético que os versos terminam com o mesmo som?
7. Qual é o assunto da quadrinha que você leu?
8. Que tal você fazer uma quadrinha? Utilize um tema de sua preferência.
Havia tanto pra lhe contar
A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo
Havia tanto pra lhe mostrar
Era tão belo
Mas olhe agora o estrago em que está
Tapetes fartos de folhas e flores
O chão do mundo se varre aqui
Essa idéia do natural ser sujo
Do inorgânico não se faz
Destruição é reflexo do humano
Se a ambição desumana o Ser
Essa imagem infértil do deserto
Nunca pensei que chegasse aqui
Auto-destrutivos,
Falsas vitimas nocivas?
Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados
Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava
Desmatam tudo e reclamam do tempo
Que ironia conflitante ser
Desequilíbrio que alimenta as pragas
Alterado grão, alterado pão
Sujamos rios, dependemos das águas
Tanto faz os meios violentos
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro
Cores, tantas cores
Tais belezas
Foram-se
Versos e estrelas
Tantas fadas que eu não vi
Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar
1. Leia o texto e responda:
a) Os fatos apresentado no texto podem ocorrer na nossa realidade atual? Justifique sua resposta.
b) Enumere os fatos narrados.
c) Por que desmatam tudo e depois reclamam do tempo?
d) Qual o tempo verbal predominante na letra da música?
Obs: Passar o clipe da música antes de trabalhar o texto.
Bullying: brincadeiras que ferem
Ameaças, agressões, humilhações... a escola pode se tornar um verdadeiro inferno para crianças que sofrem nas mãos de seus próprios colegas, ainda mais nos dias de hoje, em que a internet pode potencializar os efeitos devastadores do bullying. Você sabe o que é isso? Onde e como ele ocorre?
Você já ouviu falar de bullying? O termo em inglês pode causar estranhamento a muita gente, mas as atitudes agressivas intencionais e repetitivas que ridicularizam, agridem e humilham pessoas – tão comum entre crianças e jovens – é muito familiar a todos. A palavra inglesa 'bully' significa valentão, brigão. Atos como empurrar, bater, colocar apelidos ofensivos, fazer gestos ameaçadores, humilhar, rejeitar e até mesmo ameaçar sexualmente um colega dentro de uma relação desigual de poder, seja por idade, desenvolvimento físico ou relações com o grupo são classificados como bullying. O problema pode ocorrer em qualquer ambiente social – em casa, no clube, no local de trabalho etc –, mas é na escola que se manifesta com mais freqüência. (...)
O Bullying é um problema mundial, encontrado em qualquer escola, não se restringindo a um tipo específico de instituição. Esse 'fenômeno' começou a ser pesquisado há cerca de dez anos na Europa, quando se descobriu que ele estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescentes. Geralmente os pais e a escola não davam muita atenção para o fato, que acreditavam não passava de uma ofensa boba demais para ter maiores conseqüências. No entanto, por não encontrar apoio em casa, o jovem recorria a uma medida desesperada. E no Brasil a situação não é diferente.(...)
Quem já não teve um apelido ofensivo na escola? Ou mesmo sofreu na mão de um grupo de colegas que o transformava em 'bode expiatório' de brincadeiras no colégio? Exemplos não faltam. Entre alguns deles está o da gaúcha Daniele Vuoto, que conta toda a sua história em um blog onde também discute sobre o assunto e troca experiências com outras vítimas desse tipo de agressão, psicológica, física e até de assédio sexual. (...)
"O aluno alvo de bullying se culpa muito pelo que acontece, e é preciso esclarecer isso: um aluno que agride outro, na verdade, também precisa de ajuda, pois está diminuindo o outro para se sentir melhor, e certamente não é feliz com isso, por mais de demonstre o contrário. A turma entra na onda por medo, não por concordar. Enxergar a situação dessa forma pode ajudar muito", conta Daniele.
Porém, a realidade de vítimas que 'sofrem em silêncio', como Daniele explica em seu blog, está mudando. Além de atitudes como a da estudante, em que pessoas utilizam a internet para procurar ajuda e trocar experiências, o assunto vêm ganhando corpo e se tornando pauta de veículos de comunicação de massa, a exemplo das matérias veiculadas no Jornal Nacional, da Rede Globo, e em discussões como a realizada no programa Happy Hour, do canal a cabo GNT. (...)
(Disponível em: http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_especial=361. Acesso:22 agosto 2010)
Trabalhando com o texto
1. Como o autor define bullying?
2. Por que o termo foi utilizado em inglês?
3. Segundo o texto, esse tipo de atitude precisa ser seriamente enfrentado. Qual sua opinião?
4. Você acredita que o bullying existe na escola apenas pelo fato de que as crianças são diferentes entre si? Explique.
5. Que soluções você apontaria para o problema?
6. Em algum momento, na nossa escola, você se sente vítima de bullying? Justifique sua resposta.
7. Você conhece ou já ouviu falar de alguém na nossa escola, vítima de bullying?
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto e "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"? - O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a
cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.
Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou
entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou
"esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não
sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso
mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por que?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
(Luis Fernando Veríssimo)
1. O que dá início à discussão entre as personagens?
2. Por que a forma lhe digo também não foi aprovada?
3. A forma matar-lhe-ei-te não existe em português. Pesquise por que e surgira uma nova forma.
4. Muitas vezes a posição do pronome é determinada de acordo com o que soa mais agradável. Esse critério chama-se “eufonia”. De acordo com ele, reescreva a oração Vê se me esquece.
5. Qual é o argumento que uma personagem usa para corrigir a outra?
O que eu quero contar é tão delicado é tão delicado quanto a própria vida. E eu queria poder usar delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.
Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em aprender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce , estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo aliás atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu adivinhava mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesmo, continuar em inocência a me enfeitar para os meninos? Enfeitar-me aos onze anos de idade consistia em lavar o rosto tantas vezes até que a pele esticada brilhasse. Eu me sentia pronta, então. Seria minha ignorância um modo sonso e inconsciente de me manter ingênua para poder continuar, sem culpa, a pensar nos meninos? Acredito que sim. Porque eu sempre soube coisas que nem eu mesma sei que sei.
As minhas colegas de ginásio sabiam de tudo e inclusive contavam anedotas a respeito. Eu não entendia mas fingia compreender para que elas não me desprezassem e à minha ignorância.
Enquanto isso, sem saber da realidade, continuava por puro instinto a flertar com os meninos que me agradavam, a pensar neles. Meu instinto precedera a minha inteligência.
Até que um dia, já passados os treze anos, como se só então eu me sentisse madura para receber alguma realidade que me chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo: que eu era ignorante e fingira de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu havia fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de me esclarecer o mistério da vida. Só que também ela era um amenina e não soube falar de um modo que não ferisse a minha sensibilidade de então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida. Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas por quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante – que ali mesmo na esquina jurei alto que nunca iria me casar.
Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros.
Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amo. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la com a surpresa, sem obrigá-la a ter toda sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e os seus mistérios.
Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continua intacto. Embora eu saiba que de uma planta brotar um flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.
( Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro, Rocco. p. 113-115)
I- Compreensão e Interpretação de Texto
1.Como a narradora faz sua própria descrição?
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2.Por que o título do texto é “A descoberta do mundo”? Explique?
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3. De acordo com o contexto em que está inserido, a que a narradora-personagem se refere quando menciona “os fatos da vida”?
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4. Leia as frases abaixo retiradas do texto “A descoberta do mundo”, observando as palavras em destaque, depois assinale a alternativa que contenha, respectivamente, os sinônimos.
I – Fui precoce em muitas coisas.
II – Meu instinto precedera a minha inteligência.
III – O mais surpreendente é que, mesmo depois de saber tudo, o mistério continuou intacto.
IV – Seria minha Ignorância em modo sonso de me manter ingênua?
a) atrasada/adiantou/insuportável/ dissimulado/compreensível.
b) adiantada/ surgiu depois/admirável/ fantástico/inteiro/atrevido.
c) prematura/surgiu antes/admirável/inteiro/dissimulado
d) nenhuma das alternativas
Levei um monte de tempo me vestindo. Não tinha roupa que servisse. Não gosto de festas, bailes menos ainda. A Morecy faz 13 anos. Eu não sei que roupa a gente tem que pôr quando a melhor amiga da gente faz 13 anos. Pra falar a verdade, preferia te pego uma gripe e curtido febre na cama. Não pus o vestido verde porque fico com cara de defunto. O amarelo ficou dançando, acho que emagreci. Como sempre, acabei indo com o xadrezinho, que é meio manjado, mas me sinto bem.
Não consegui entrar em acordo com a minha cara no espelho. Não gosto do meu cabelo liso e muito fino. Nem da minha cara sem pó de arroz. Mas também de pó de arroz não fico bem.
Acho que levei umas duas horas me aprontando. Cheguei tarde, todo mundo já estava lá. Tinha luz negra, um montão de gente dançando e eu encabulei vendo o Luiz do outro lado do salão, conversando com os amigos.
Fiquei de pé também, falando com Maria Luíza, aquela bem alta que todo mundo tia sempre pra dançar porque é linda, parece Dominique Sanda. Pegamos uns copos com guaraná e ficamos bebendo, enquanto ela me contava a briga que tinha tido com a D. Rita. Depois nós fomos dançar sozinhas mesmo. E na quarta música o Luiz veio falar comigo.
Foi daí que a gente saiu pro terraço e ele perguntou se eu gostava mesmo dele. Disse que sim. E é verdade, eu gosto um pouco dele. Então ele disse que se eu gostava mesmo era pra eu dar um beijo nele. Eu dei, no rosto. Ele disse que ali não valia, tinha que ser na boca. Ele falava e sorria, mas eu percebi que ele estava um pouco sem jeito, porque toda hora olhava pros lados, pra ver se não vinha ninguém.
Daí ele pegou na minha mão e depois me abraçou e ficou falando que gostava muito de mim, que eu tinha um cabelo bem macio, e eu pensei que poderia ser macio, mas era fino e liso demais. Daí ele disse que não gostava de menina que usava pintura, que ficava com cara de palhaço e que eu era bem natural. Foi bem essa palavra que ele usou: natural. Achei engraçado falar assim, mas também achei legal ele falar desse jeito. Aí ele foi chegando, me beijando o cabelo, a testa, descendo pelo nariz e eu deixando porque vinha subindo em mim um calor gostoso, uma espécie de moleza que eu nunca tinha sentido antes...
(Mirna Pinsky. Iniciação. Belo Horizonte, Comunicação, 1980)
I – Compreensão e Interpretação do Texto
1. Quem é a principal personagem do texto? Dê duas características dela.
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2. Como essa personagem se sente em relação à festa?
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3. Por que a narradora demora “umas duas horas” para se arrumar para a festa?
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4. Marque a alternativa correta em relação ao(s) sentimento(s) que a narradora precisou vencer para ir ao baile.
I – Medo
II – Angústia
III – Pânico
IV – Insegurança
V – Euforia
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II e III estão corretas.
c) Apenas A I e IV estão corretas.
d) Apenas a II e V estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.
5. Muitas vezes o texto nos dá pista do tempo e do espaço da narração. Em sua opinião em que época este tipo de “paquera” ocorreu? Justifique sua resposta com elementos do texto.
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6. Leia as frases abaixo, depois classifique os pronomes grifados:
“Achei engraçado falar assim, mas também achei legal ele fala desse jeito.”
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para Leonardo, um menino meu amigo
Meu companheiro menino,
perante o azul do teu dia,
trago sagradas primícias
de um reino que vai se erguer
de claridão e alegria.
É um reino que estava perto,
de repente ficou longe,
não faz mal, vamos andando,
porque lá é nosso lugar.
Vamos remando, Leonardo,
porque é preciso chegar.
Teu remo ferindo a noite,
vai construindo a manhã.
Na proa do teu navio,
chegaremos pelo mar.
Talvez cheguemos por terra,
na poeira do caminhão,
um doce rastro varando
as fomes da escuridão.
Não faz mal se vais dormindo,
porque teu sono é canção.
Vamos andando, Leonardo.
Tu vais de estrela na mão,
tu vais levando o pendão,
tu vais plantando ternuras
na madrugada do chão.
Meu companheiro menino,
neste reino serás homem,
um homem como o teu pai.
Mas leva contigo a infância,
como uma rosa de flama
ardendo no coração:
porque é da infância, Leonardo,
que 0 mundo tem precisão.
Santiago do Chile, novembro de 1964.
( Thiago de Melo. Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Record,s.d p.27-28)
1. O que a expressão " companheiro menino" revela quanto ao sentimento do eu lírico em relação ao menino?
2. O que você entende pela imagem "azul do teu dia", do segundo verso?
3. O pendão é frequentemente usado para identificar uma tropa ou um exército. Na 5ª estrofe do poema o pendão anuncia guerra?
4. O que o menino leva em sua jornada?
5. Por que, segundo os versos finais, o mundo precisa da infância?
6. Justifique o titulo com ideias do poema.
7. Para você o que é ternura?
8. o que podemos fazer para tornar o mundo mais terno?
9. Segundo o poeta, o mundo precisa da infância. Você concorda com ele? caso não, de que o mundo precisa?
10. Para você como seria um mundo ideal?
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda a onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda anda
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa)
O poema de Manuel Bandeira tematiza o movimento da onda, e todo ele, como forma, busca reforçar o conteúdo pelo emprego de recursos visuais e musicais.
1. Que relação mantém o ritmo do poema com o movimento da onda?
2. Destaque do poema exemplo de aliteração, de assonância e de paranomásia.
3. Crie três ou mais poemas concretos a partir dos temas:
palavras
a chuva e o vento
o futebol
festa
amigos
Normalmente deixados de lado ou tratados como um capítulo menor nas estatísticas nacionais, indicadores relativos à cultura são importantes para tentar a inserção futura do País.
Se dados econômicos dizem algo a respeito do bem-estar e do poder de compra das pessoas, indicadores culturais apontam para a sua inclusão na sociedade. E, quanto menores os índices de exclusão de um dado grupamento social, melhores tendem a ser seus números relativos à educação, segurança e à própria produção intelectual e material.
Embora o vínculo entre a existência de uma biblioteca pública em um lugar qualquer e a sua prosperidade pareça distante, ele existe, o que já justifica a busca constante da ampliação de equipamentos culturais nas cidades brasileiras.
A recém-divulgada pesquisa Munic 2001, do IBGE, mostra que tem havido progressos nessa área, ainda que desiguais e em ritmo mais lento que o desejável. O equipamento cultural mais difundido do país são as bibliotecas públicas, presentes em 79% dos municípios brasileiros em 2001. Em segundo lugar, vêm ginásios esportivos ou estádios (76%). Provedores de internet cresceram bastante e já atingem 53% das cidades. Também chamou a atenção dos pesquisadores a expansão, em relação a 1999, dos teatros (36%) e dos cinemas (14%) nos municípios brasileiros.
Apesar desses números positivos, apenas 53 cidades (0,9% do total) possuem todos os 17 equipamentos culturais listados pela pesquisa. Pior, 153 municípios (2,8%) não possuem nenhum itens.
É claro que, diante de problemas emergenciais como fome, violência e descalabro na saúde e na educação, a cultura acaba sendo lançada para um segundo plano. O risco que corremos é o de que essa situação que deveria ser aguda se torne crônica e nós tratemos sempre a questão cultural como secundária.
(INDICADOR cultural, Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 nov. 2003)
1. O texto evidencia que:
a) o tratamento dada à questão cultural no País atende a interesse de diferentes grupos sociais.
b) o estímulo à transformação da cultura nacional em sua multiplicidade de formas é uma necessidade.
c) os índices estatísticos há pouco revelados pelo IBGE espelham uma realidade do Brasil, carente de um redimensionamento sociocultural.
d) os modos diferentes e, as vezes, contraditórios de se tratar a questão cultural explicam a distorção existente entre realidade socioeconômica e cultural do Brasil.
e) os dados estatísticos fornecidos pelo IBGE sobre a questão cultural brasileira têm sido utilizados para traçar novas estratégias, a fim de mudar a realidade cultural do País.
2. A partir da análise do indicador cultural, para o editorialista, a questão da cultura, no Brasil,
a) é prioritária em determinadas regiões que vivem isoladas dos grandes centros urbanos.
b) Exige o respeito aos múltiplos aspectos regionais da realidade brasileira para que se preservem tais valores.
c) Tem todo um tratamento bem estruturado e sistemático que atende igualmente a regiões diversas do território nacional.
d) Tem tido problemas regionalizados que colocam em risco a possibilidade de expansão dos manifestos culturais para todas as regiões do País.
e) Passa por um momento em que aspectos da realidade social, como educação e saúde, considerados mais importantes, provocam desinteresse no seu enfoque.
3. Há uma informação que pode ser confirmada pelo texto na alternativa
a) Uma nova ordem cultural só pode ser possível se houver uma ruptura política no País.
b) A importância da cultura, no Brasil, está vinculada a interesses econômicos e políticos.
c) As culturas humanas são dinâmicas, contudo, em algumas regiões do País, a estagnação cultural é visível.
d) A relação entre poder econômico e bem-estar social é a mesma existente entre nível cultural e inclusão social.
e) A cultura brasileira, tanto na forma material quanto na forma de conhecimentos, tem recebido contribuições de múltiplas origens.
4. Em ”A recém-divulgada pesquisa Munic 2001, do IBGE, mostra que tem havido progressos nessa área, “ainda que” desiguais e em ritmo mais lento que o desejável” , o termo destacado pode ser substituído,sem alterar o sentido original do texto, por
a) Mesmo que
b) no entanto
c) se bem que
d) mas também
e) E. à medida que
7. Com relação a o enunciado “e nós tratemos sempre a questão cultural como secundária.” Pode-se afirmar que, no contexto, expressa uma
A. conformidade
B. contradição
C. explicação
D. hipótese
E. certeza
8. “Provedores de internet cresceram bastante e já atingem 53% das cidades”. Sobre o período em evidencia é correto afirmar: Marque as corretas:
a) “de internet” é agente da ação expressa por “cresceram”.
b) “cresceram” e “atingem” expressam, respectivamente, ações passada e presente .
c) “bastante” denota quantidade.
d) “e” tem valor adversativo.
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos de vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo. Plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e o oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-º Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógio de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e ( é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis – porque me esquecia dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
1. O que se pode inferir a partir da afirmação: “ de repente o aeroporto ficou vazio” (linhas 62-63)?
A movimentação de pessoas no aeroporto foi concluída.
a. A alegria que impregnava o ambiente acabou.
b. A inquietação das pessoas, em virtude da partida, cessou.
c. A intensidade do movimento de pessoas diminuiu.
d. A ausência de expectativa das pessoas que circulavam.
2. Que opção sintetiza a idéia central do texto?
a. Saudade do amigo no momento de sua chegada.
b. Carinho e encantamento do adulto pela criança.
c. Relacionamento formal entre a criança e o adulto.
d. Prazer de levar o amigo ao aeroporto e vê-lo partir.
e. Amizade, proporcionando uma mudança de vida.
3. Qual a intenção do narrador ao usar a expressão grifada no trecho abaixo?
“Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva.” (linhas 18-19)
a. Destacar o poder do sorriso de Pedro na vida das pessoas.
b. Apreciar a ousadia de Pedro quando sorri para as pessoas.
c. Mostrar o sorriso como elemento de fantasia na vida de Pedro.
d. Expressar a influência que o sorriso dissimulado exerce.
e. Demonstrar a inquietação de Pedro ao sorrir para as pessoas.
4. Que significa a palavra sublinhada sugere no contexto?
“Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído” (linhas 59-62)
5. Pela descrição do autor a respeito de Pedro no início do texto, como Pedro nos parece?
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6. E afinal quem é Pedro?
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Gari do Rio acha fortuna e devolve 2,0pt
Numa época em que escândalos de corrupção dão o tom dos noticiários brasileiros, três funcionários da limpeza urbana carioca deram exemplo de honestidade. Durante a Eco-92, quando trabalharam no Riocentro, eles acharam e devolveram duas carteiras com cerca de R$ 115 milhões de dólares e cheques de viagem e uma pulseira de ouro.
Os três funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana integraram a
equipe escalada para manter limpo o complexo do Riocentro, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), durante a conferência mundial que reuniu cerca de 110 chefes de Estado e de governo em 15 dias de debates sobre o futuro do planeta.
A dois dias do encerramento da Eco, em 12 de junho, Joilson Fernandes Lírio, 33, encontrou uma carteira com R$ 105.000,00 mil, quando recolhia papéis no plenário principal do centro de convenções. “Na hora, vi que tinha dinheiro dentro, mas devolvi à recepcionista sem nem contar quanto era”, afirma. A carteira foi devolvida para um membro da delegação dos EUA minutos depois.
Na mesma tarde, outro gari, Ivanilson José dos Santos, 25, encontrou sobre uma das mesas do plenário outra carteira cheia de cheques de viagem em um valor aproximado de R$ 10.000,00 mil, quantia que ele levaria um ano e meio mais ou menos para juntar.
Assim como seu colega, ele entregou a carteira ao primeiro agente de segurança das Nações Unidas que encontrou. Meia hora depois, um esquecido ecologista japonês já havia recuperado seus cheques.
No dia seguinte, foi a vez do encarregado de serviços da empresa, Luís Leitão, 49, recolher no chão do shopping do Rio-centro uma pulseira de ouro cravejada de brilhantes. No seu caso, a devolução à dona foi imediata, porque a pulseira acabara de soltar-se do braço de uma integrante da delegação norte-americana. “Fiquei feliz por ter praticado uma boa ação”, diz Leitão, lembrando-se dos agradecimentos da turista em um complicado “portunhol”.
Com o fim da conferência, os três voltaram à rotina normal de trabalho no Setor de Emergência da Zona Oeste em Bangu, onde a reação dos colegas se divide entre gozações e elogios. “Não estamos pensando em recompensa, mas se vier uma promoção será uma boa”, disse Ivanildo.
(Folha de São Paulo)
1. Por que os três garis aparecem no jornal?
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2. Como você entende a frase: “Numa época em que escândalos de corrupção dão o tom dos noticiários brasileiros, três funcionários da limpeza urbana carioca deram exemplo de honestidade.”
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3. Os três garis estão na “contramão da onda da corrupção”. Qual o significado aqui de “contramão”?
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4. Alguns dados sobre a vida dos garis aumentam ainda mais o mérito da atitude que tiveram. Quais?
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5. Como os colegas dos garis receberam a atitude dos três?
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6. Por que alguns colegas dos três funcionários fizeram gozações com eles?
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7. Depois da conferência, para onde voltaram os três?
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8. Que “recompensa” os funcionários estão aguardando? O que isso vem confirmar sobre eles?
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9. O gesto dos garis deveria ser a atitude natural de qualquer pessoa que encontra um objeto que não lhe pertence: devolvê-lo ao verdadeiro dono. Por que nos tempos atuais tal atitude está se tornando cada vez mais rara?
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Recordações de uma vida
Nasci no Brás, Rua Carlos Garcia, 26, no dia 30 de novembro de 1906.
Quando eu tinha oito anos a guerra, que começou no 14 e terminou 18. Com a guerra veio muita miséria, nós passamos muito mal aqui em são Paulo. Lembro, na Rua Américo Brasiliense, da Companhia Mecânica importadora que ajudou muitos desses que não tinham possibilidade de aquisição: um porque o pai foi pra guerra, outros porque tinham dificuldade de encontrar trabalho. Na hora do almoço e na hora da janta ela dava uma sopa para famílias do Brás, da Mooca, do pari, da classe menos favorecida pela sorte.
Comecei a trabalhar com nove anos numa oficina de gravura que ainda existe:
Masucci, Petracco e Nicoli. Meu irmão Alfredo, que já trabalhava lá, me encaminhou: era estamparia, gravuras, fundição de placa de bronze... Nessa fábrica foi a minha infância, mocidade e uma boa parte da velhice. Saí de lá com cinqüenta e cinco anos de trabalho, aposentado.
O ano em que me casei, 1937, foi um dos anos de maior miséria em são Paulo. Não sei se foi porque era o começo da guerra, foi um ano muito sacrificado, não tinha serviço, era uma miséria.
Hoje moro com a Isabel, minha filha solteira, e minha filha viúva e os dois netos... Sou aposentado mas ainda faço alguma coisa daquilo que eu sabia fazer, afinal sou responsável pela casa.
A aposentadoria não é nada e preciso pegar serviços de gravação. Pago o aluguel desta casa porque tem um quintal gostoso para os netos, árvores.
Quando encontro os amigos da oficina que trabalharam trinta, quarenta anos comigo é uma satisfação enorme, lembrando o que fazíamos; as amizades lá eram boas. Porém, o mais importante em minha vida foi o meu casamento, o nascimento das filhas, o casamento da primeira filha, o nascimento dos filhos da minha filha.
Aquilo que eu fiz na vida não foi lá grande coisa. Se estivesse na minha competência eu daria um conselho aos jovens para levar uma vida honesta, uma vida com amor. E se portar direitinho... A coisa mais linda que existe é quando um homem tem a responsabilidade da família, uma boa esposa.
Os velhos de hoje foram os moços de ontem. Devem procurar ainda fazer alguma coisa na vida. Se um velho fosse doente, abandonado, deve-se recolher num lar onde pudesse passar os últimos anos com fartura, boa companhia quando sozinho. Se tem família, embora tenha feito algum deslize na mocidade, acho que devia ser perdoado e tratado muito bem. Há os que partiram para o jogo e a bebida e ficaram por aí abandonados. Mas eu acho que deveríamos olhar até por esses velhos. Eles também trabalharam.
(Memória e sociedade: lembranças de velhos - Ecléa Bosi)
1. Quais são os fatos históricos citados no texto?
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2. Quantos anos o narrador trabalhou na mesma oficina de gravura? O que isso revela sobre ele?
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3. Qual a situação econômica do narrador?
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4. Quais são os aspectos que o narrador considera positivos na vida dele?
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5. Segundo o narrador, como devem ser tratados os velhos?
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6. A situação do aposentado no Brasil. Lembra do caso do narrador: Depois de 55 anos de trabalho ele ainda precisa trabalhar para sobreviver. Será correto, justo? Justifique sua resposta.
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7. Faça um “balanço” da vida do Sr. Amadeu (narrador do texto). Valeu a pena tanto sacrifício? Justifique sua resposta.
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ONDA
Guilherme de Almeida
Morno Trapo,
Contorno farrapo,
Da onda lenço
Redonda... suspenso
Pluma pelas
De espuma, estrelas...
Lenda Resto
De renda, de um gesto
Frase de gaze, louco
Riso que é o pouco
De guizo... que há de
Ninho bondade
De arminho no alto
Onde mar... Salto
Se esconde da água
Aéreo na mágoa
Mistério... doida
De toda vida partida...
1. Leia o poema e responda:
a) Qual assunto é abordado no poema Onda?
b) Identifique os principais elementos presentes no poema.
c) Explique que relação o texto estabelece com o título Onda e os elementos que você identificou.
d) Que versos serviram de ponto de partida para que o autor pudesse construir a impressão de movimento?
f) O poema apresenta muita assonância. Indique algumas delas.
Texto I
Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas.
Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante . . .
Texto II
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
[...]
Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento, em todos os pormenores da vida sertaneja -- caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre extremos impulsos e apatias longas.
Texto III
Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, continua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]
Canudos não se rendeu.
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
( Fragmentos da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, São paulo: Círculo do Livro, 1975)
Na Internet:
- De acordo o texto I, como é a natureza no lugar onde vive o sertanejo? Ela se mostra acolhedora ao homem?
- O texto II, ao descrever o sertanejo, apresenta como contraditória certos aspectos de sua constituição física e seu comportamento. Comente essa contradição.
- No 1º parágrafo do texto III, o autor crítica a guerra em si e afirma que outra “guerra mais demorada e digna” deveria ser travada. Qual é essa guerra?
- Identifique no texto II um trecho que comprove a influência de teorias raciais existente no começo do século XX.
Leia:
A Velha Contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
( Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato. 8ed. São Paulo, Moderna, 1986)
1. Aponte expressões do texto que caracterizam a linguagem coloquial.
2. A construção: “ o fiscal da Alfândega mandou ela parar” é típica da linguagem coloquial. Reescreva-a utilizando o padrão culto de linguagem.
3. Quando a velhinha disse: é areia, o fiscal acreditou? Justifique sua resposta com elementos do texto.
4. Você concorda com a esperteza da velhinha? Justifique sua resposta.
5. O que o autor quis dizer com a expressão: Tudo malandro velho?
6. Quando a velhinha decidiu contar a verdade?
7. Quando o narrador citou os dentes que “ela adquirira no odontólogo”, a que tipo de dentes ele se referia?
- Leia o fragmento de um conto.
Em dezembro
Em dezembro mangas maduras eram vistas da janela – mas antes disso já tínhamos comido muita manga com sal, tirado escondido da cozinha. [...]
- Quem comeu manga verde? Vamos, confessa, já.
Nenhum confessava: os dois de castigo.
Mostrei para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou contra o rosto, me pediu.
- Dou um pedaço.
- Quero a manga inteira.
- A manga inteira não. Um pedaço. [...]
- A manga inteira ou nada.
- Então nada.
Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:
- Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo.
Fiquei fechado de castigo até a hora da janta.
Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai apanhar é de vara, ouviu?
Quem apanhou de vara foi a Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:
- Você enredou, agora vai apanhar.[...]
Ela pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim, ela disse que gostava. Pedi para ela dizer: “ Eu te amo”. Ela disse. [...]eu falei que era mentira, que ela gostava é de Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo, que tinha é nojo de mim, e eu desci uma varada nas pernas dela. Em vez de correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro[...]
- Pede perdão, senão eu bato de novo!
Ameacei com a vara, mas ela só chorava. Então bati de novo, e dessa vez ela nem bem se mexeu, como se não tivesse sentindo dor. Foi andando em direção à casa, e eu fiquei parado, vendo-a afastar-se.[...]
Ao voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesa do quarto onde ela, deitada, havia adormecido.
No dia seguinte recebi uma caixinha embrulhada - dentro os três moranguinhos e um bilhete: “Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais”.
Luiz Vilela. Contos da infância e da adolescência. São Paulo: Ática, 2001.
- Quem comeu manga verde?
- Por que a Vovó não queria quer eles comessem manga verde com sal?
- O texto é narrado em 1ª pessoa. Que marcas gramaticais permitem dizer isto?
- Quais frases ou expressões revelam impressões do narrador?
- Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?
- Em sua opinião, por que ele não acreditou quando ela disse, no quintal, que gostava dele?
- Que tempo verbal o narrador utiliza na maior parte de suas falas?
- Por que o narrador bateu em Neusa?
Havia tanto pra lhe contar
A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo
Havia tanto pra lhe mostrar
Era tão belo
Mas olhe agora o estrago em que está
Tapetes fartos de folhas e flores
O chão do mundo se varre aqui
Essa idéia do natural ser sujo
Do inorgânico não se faz
Destruição é reflexo do humano
Se a ambição desumana o Ser
Essa imagem infértil do deserto
Nunca pensei que chegasse aqui
Auto-destrutivos,
Falsas vitimas nocivas?
Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados
Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava
Desmatam tudo e reclamam do tempo
Que ironia conflitante ser
Desequilíbrio que alimenta as pragas
Alterado grão, alterado pão
Sujamos rios, dependemos das águas
Tanto faz os meios violentos
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro
Cores, tantas cores
Tais belezas
Foram-se
Versos e estrelas
Tantas fadas que eu não vi
Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar
1. Leia o texto e responda:
a) Os fatos apresentados no texto podem ocorrer na nossa realidade atual? Justifique sua resposta.
b) Enumere os fatos narrados.
c) Por que desmatam tudo e depois reclamam do tempo?
d) Qual o tempo verbal predominante na letra da música?
Obs: Passar o clipe da música antes de trabalhar o texto.
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto e "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"? - O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a
cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender.
Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou
entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou
"esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não
sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso
mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por que?
- Porque, com todo este papo, esquecí-lo.
Luis Fernando Veríssimo
1. O que dá início à discussão entre as personagens?
2. Por que a forma lhe digo também não foi aprovada?
3. A forma matar-lhe-ei-te não existe em português. Pesquise por que e surgira uma nova forma.
4. Muitas vezes a posição do pronome é determinada de acordo com o que soa mais agradável. Esse critério chama-se “eufonia”. De acordo com ele, reescreva a oração Vê se esquece-me.
5. Qual é o argumento que uma personagem usa para corrigir a outra?
Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:
Texto I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawm, Tempos interessantes: uma vida no século XX)
Texto II
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo.
(Herberto Linhares, depoimento)
Texto III
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...
E quem sabe, então,
O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos...
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas, palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá
Se amarão, sem saber,
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.
(Chico Buarque, "Futuros amantes")
Redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções do tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.
Cordel – é a arte do sertanejo. Pertence à tradição oral e pode ser recitado ou cantado. Chama-se assim porque os livretos e versos produzidos pelos cordelistas ficam pendurados em cordéis nas feiras livres.
Escarpada – difícil de subir
Trapicheiro – trabalhador de trapiche – armazém-geral ou pequeno engenho de açúcar.
1. Que parte da história do mestre Bimba você achou mais interessante?
2. Mestre Bimba tornou-se capoeirista famoso e hoje é respeitado em todo o mundo. Que versos indicam as ações que o tornaram conhecido e famoso?
3. Alguns versos revelam a importância de mestre Bimba para a nossa cultura. Comente a importância cultural do mestre Bimba, utilizando elementos do texto.
4. Releia a última estrofe e responda:
a) No texto é estabelecida uma relação entre mestre Bimba, Luís Gonzaga e Pelé. Que semelhança há entre eles?
b) Qual dos três você menos conhece? Que explicação você daria para isso?
5. Em uma das estrofes acima trata da morte de mestre Bimba. Que expressões são empregadas pelo narrador para se referir a este momento?
Text o 1 - A regreção da redassão
Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
- Mas, minha senhora - desculpei-me -, eu não sou professor.
- Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
- A culpa não é deles. A falha é do ensino.
- Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
- Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
- Não faz mal - insistiu -, o senhor vem e traz um revisor.
- Não dá, minha senhora - tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
- E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos.
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: "Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever". No dia seguinte, ouvi de outro educador: "O estudante brasileiro não sabe escrever". Depois li no jornal as declarações de um diretor da faculdade: "O estudante brasileiro escreve muito mal". Impressionado, saí a procura de outros educadores. Todos me disseram: acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém mais faz diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca deárvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore.
- Quer dizer - disse a um amigo enquanto íamos pela rua - que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante emprego por mais dez anos.
- Engano seu - disse ele. - A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão.
- Por quê? - espantei-me. - Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.
- E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
- Sei lá - dei com os ombros -, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
- Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito da leitura. E quando o perder completamente, você vai escrever para quem?Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar num açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece hoje bilhete de loteria:
- Por favor amigo, leia - disse, puxando um cidadão pelo paletó.
- Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio.
- E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompanhando os passos de uma universitária.
– A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso.
- O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.
- E o senhor, não está interessado nuns textos?
- É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
- E o senhor, vai? Leva três e paga um.
- Deixa eu ver o tamanho - pediu ele.
Assustou-se com o tamanho do texto:
- O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo em cinco linhas?
(Carlos Eduardo Novaes)
TEXTO 2 -Estudantes lêem, mas não entendem Brasília (Agência Estado)
O aluno brasileiro não compreende o que lê, revela o programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado ontem. Entre 32 países submetidos ao teste, o Brasil ficou em último lugar. A prova mediu a capacidade de leitura de estudantes de 15 anos, independentemente da série em que estão matriculados. "Esperava um desastre pior", disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ao anunciar o resultado. Em primeiro lugar ficou a Finlândia. Em penúltimo, à frente do Brasil, o México. Dos 32 países avaliados, 29 fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - entidade que reúne nações desenvolvidas, como os Estados Unidos ou o Reino Unido, e outras nem tanto, como a Polônia e a República Checa. Também participaram Brasil, Letônia e Rússia. A prova foi aplicada no ano passado, envolvendo ao todo 265 mil estudantes de escolas públicas e privadas. No Brasil, participaram 4,8 mil alunos de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 1º e 2º anos do ensino médio. O objetivo foi verificar o preparo escolar de adolescentes de 15 anos, tendo em vista os desafios que terão pela frente na vida adulta.
(www. Oliberal.com.br/arquivo/noticias/atualidade/n05122001index4.htm)
TEXTO 3
As escolas poderiam ensinar a escrever, mas não o fazem. Não que as aulas de redação sejam em menor número do que o desejado. O problema é que essa matéria é ensinada de forma errada, por meio de assuntos distantes da vida real. “Em vez de escrever redações sobre temas vagos, como ‘Minhas férias’ ou ‘Meu cachorro’, o aluno deveria ser adestrado nos diferentes gêneros da escrita: a carta, o memorando, a ficção, a conferência e até o e-mail”, opina o professor Luiz Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco.
(Falar e escrever, eis a questão. In. VEJA, pp. 104-112, 7/11/2001)
TEXTO 4
Escrever e falar bem, atualmente, tem sido uma das maiores preocupações do brasileiro. Segundo a edição 1.725 de Veja, essa preocupação tem se dado, em grande medida, pela necessidade da fluência no português padrão nas interações sociais, sobretudo nos estudos, na profissão e nos negócios.
Considerando os textos 1, 2, 3 e 4, responda às questões de 1 a 4.
2. Com base no texto 1, faça o que se pede:
a) Que conclusão você pode tirar, a partir do efeito de sentido provocado pelo seu título, a respeito do ato de escrever?
b) Retire dois argumentos que comprovem a sua conclusão.
c) Modificando os elementos verbais, em destaque, de forma que não haja alteração de sentido, reestruture o período “Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.”
3. Transcreva o parágrafo, do texto 2, em que se pode comprovar a tese de que os estudantes brasileiros lêem, mas não entendem o que lêem.
4. Leia os textos 1 e 3 e faça o que se pede:
a) O que existe em comum, nos textos 1 e 3, com relação à postura comumente associada ao professor brasileiro?
b) De acordo com o texto 3, dê um sinônimo à expressão “adestrar”, utilizada pelo professor da Universidade Federal de Pernambuco.
4. Escrever de forma “difícil” há muito vem permeando o imaginário do brasileiro de que escrever dessa forma é sinônimo de escrever bem. O texto 4 desconstrói, em parte, esse imaginário. Para isso, o autor da tira lançou mão de dois recursos estilísticos:
o de uma figura e o de uma função da linguagem.
a) Que figura de linguagem foi utilizada pelo autor para desconstruir o ideal da “boa escritura”?
b) Que função de linguagem dá suporte à construção do texto.
Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.
─ Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ─ disse o monstro, arreganhando os dentes. ─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
─ Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a torcer.
─ Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
─ Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
─ Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
─ Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com razão de lobo faminto:
─ Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E ─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço.
Contra a força não há argumentos.
Monteiro Lobato
1. Qual a real intenção do lobo?
2. Como reage o cordeirinho diante das calúnias do lobo?
3. Quais as armas do lobo para se sair vitorioso?
4. Interprete o provérbio da fábula e escreva pelo menos duas outras frases que poderiam substituí-lo.
5. Se, de acordo com o ponto de vista do lobo, o forte sempre vence pois o mundo é dos espertos, como seria a história contada do ponto de vista do cordeiro??
Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo.
Autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases feitas.
"A vida é um fardo" - isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E acrescentar impunemente: "disse Bias". Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros seis sábios da Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas, para o grego comum da época, deviam ser a delícia e a tábua de salvação das conversas.
Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar-comum é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com idéias originais.
Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista:
"O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!"
O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um Império que desaba ou uma barata esmagada.
(QUINTANA, Mário. Prosa & Verso. 6. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 87)
Explorando o Texto:
1. Defina, com suas palavras, um leitor dorminhoco.
2. Como você se classificaria: um leitor dorminhoco, um leitor semi desperto ou um leitor atento? Justifique.
3. Plutarco poderia se considerar um grego comum? Por quê?
4. Por que os sete sábios da Grécia deviam ser a tábua de salvação das conversas?
5. Uma das técnicas da dissertação consiste na citação de um "argumento de autoridade", ou seja, o testemunho ou a citação de uma pessoa de competência reconhecida sobre determinado assunto. Como Mário Quintana ironiza essa técnica?
6. Caetano Veloso, na letra Sampa, afirma o seguinte: "Á mente apavora o que ainda não é mesmo velho". Que trecho do texto apresenta opinião semelhante?
7. Qual a diferença de postura entre o leitor dorminhoco, o leitor semidesperto e o leitor atento em relação à frase: " O Brasil não fugirá ao seu destino histórico"?
8. Marque a alternativa correta.
(a) Os leitores no Brasil são em regra acomodados e afeitos a lugares-comuns, o que justifica uma literatura convencional e bacharelesca.
(b) Os escritores no Brasil têm o dever de se conformar aos padrões ideológicos e expressivos dominantes no nosso bacharelismo, ajudando a assegurar a continuidade do nosso status quo.
(c) O poder no Brasil é exercido de forma anacrônica e conservadora, traduzindo-se culturalmente em preguiçoso bacharelismo literário.
(d) O Brasil tem uma sociedade estável e, no fundamental, bem estruturada, propiciando uma literatura e uma cultura em que o lugar-comum não se torna vicioso, pois é expressão de um consenso ideológico mais geral.
I - Sequência Narrativa.
a) Observe a imagem: "O Grito" - E. Münch" e elabore uma história.
b) Não esqueça: situação inicial, complicação, clímax e desfecho
II - Sequência Descritiva.
a) Usar trechos descritivos ao longo da narrativa.
b) Cuidado com a coesão.( a coesão estabelece relação entre os trechos)
c) Cuidado com a coerência. Observar a junção das partes.
Leia :
“Quem vive em São Paulo e no Rio de Janeiro, as duas maiores metrópoles do país, conhece bem seus problemas: desemprego, custo de vida elevado, favelização, poluição, caos no trânsito, precariedade no atendimento de saúde e aumento da violência urbana. Boa parte deles foi causada pelo crescimento desordenado das cidades e pela falta de planejamento urbano. Só em São Paulo, estima-se que haja cerca de 1,6 mil favelas, a maioria localizada em bairros da periferia. No Rio de Janeiro, enormes favelas convivem lado a lado com os bairros nobres da Zona Sul. [...]
Atualidade: Vestibular. 2003.
O parágrafo acima foi elaborado a partir de uma idéia principal. Qual é essa idéia?
O que ocasionou o fato a quê se refere esse parágrafo?
Elabore um parágrafo a partir do que você leu acima. Releia seu parágrafo e sublinhe a ideia principal.
Camilinho vivia desconfiado que a gente devia ter um lugar escondido,só nosso, e andava sempre atrás adulando, oferecendo brinquedos, me deu uma lente de óculo, tão forte que até acendia papel no sol. Às vezes me dava remorso de ver o bestinha brincando sozinho uns brinquedos sem graça de botar besouro para carrear caixa de fósforo, fazer zorra que nunca zoava, ajuntar folha de folhinha; mas quando falei para Tenisão que a gente devia levar Camilinho ao menos uma vez pra ver os brinquedos da ilha, Tenisão deu na mala, disse que nem por um óculo, que ele era muito chorão, parecia moenda.
Acho que um dia Camilinho pombeou nós três e viu quando tiramos a jangada da moita e atravessamos para a ilha. Quando foi de noite, na porta da igreja, ele me perguntou onde a gente tinha ido na jangada, e outro dia na escola um tal de Estogildo, menino muito entojado que vivia passando rasteira nos outros, disse que ele também ia fazer uma jangada pra passear longe no rio. Depois eu vi Camilinho muito entretido com garrucha de taquara, dessas que jogam bucha de papel, uma mesma que eu tinha visto na mão de Estogildo. Eu não contei pra Tenisão pra ele não bater no Camilinho, porque de nós três ele era o que mais não gostava de Estogildo; mas aí eu principiei a desconfiar que o brinquedo na ilha ia acabar acabando?
E nem demorou muito, parece até que eles estavam só esperando uma vaza. Passamos uns dias sem ir lá porque Tenisão andou com dedo inchado com panariz,doía muito, foi preciso lancetar, e brinquedo sem ele desanimava. Nesses dias a gente ia pra beira do rio e ficava olhando a ilha. De longe ela parecia mais bonita, mais importante. Quando vimos o fumaceiro corremos lá eu e Cedil, Tenisão ainda não podia.
Estava tudo espandogado, a casa, a usina, os postes arrancados, o monjolinho revirado. Cedil chorava de soluço, corria pra cima e pra baixo mostrando os estragos, chamando a ruindade. Eu quase chorei também só de ver a tristeza dele. Para nós a ilha era brinquedo, para ele era consolo.
(José J. Veiga, A ilha dos gatos pingados. 6ª ed., Rio de Janeiro. Civilizações Brasileiras,1974)
1. Responda as questões seguintes, com base no texto " A ilha"
a)Quem é o autor do texto?
b)Quem é o narrador?
c) Qual a diferença entre autor e narrador?
d) Para conhecer bem este texto, você precisa saber mais sobre o autor, a infância dele. Por quê?
2. No texto, qual a posição que o narrador assume?
a) Narrador-observador
b) Narrador-personagem
3. Quais os personagens que brincavam na ilha?
3. para compor o texto, o narrador selecionou um conjunto de ações, opinões, fatos e falas das personagens relacionadas a um assunto central. Qual é ele?
a)A destruição dos brinquedos da ilha.
b)A destruição da ilha.
c)O sofrimento de Cedil.
d) Um incêndio ocorrido na ilha.
5. O texto pode ser dividido em 4 partes. Dê um título para cada parte.
6. Com que objetivo Camilinho dava presente para o narrador?
7. Por que Tenisão não aceitou que Camilinho fosse ver os brinquedos da ilha?
8. Na sua opinião, porque a ilha para Cedil era um consolo?