03:17 |
GÊNEROS TEXTUAIS E COMPETENCIA SÓCIO-COMUNICATIVA
A CIGARRA E A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu _ tique, tique, tique... Aparece uma formiga, friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? _ perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de um agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse:
- Eu cantava, bem sabe...
- Ah! ... exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
A CIGARRA E A FORMIGA MÁ
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou _ emprestado, notem! _ uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse. Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
- Que fazia você durante o bom tempo?
- Eu... Eu cantava!...
- Cantava? Pois dance agora... - e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu estanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. Ë que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse quem daria pela falta dela?
Os artistas _ poetas, pintores e músicos _ são as cigarras da humanidade.
Monteiro Lobato
Gênero narrativo
O gênero narrativo nada mais faz do que relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos), além de outras.
Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crônicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, às narrativas podem ser histórias policiais, de amor, de ficção e etc.
Todo texto que traz foco narrativo, enredo, personagens, tempo e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo.
Textos narrativos
Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero narrativo.
• Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de caráter verossímil.
• Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil (não tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
• Epopéia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Três belos exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisséia, de Homero.
• Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevialidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O alienista, de Machado de Assis, e A metamorfose, de Kafka.
• Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral e Boccaccio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
• Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica.
A FÁBULA
A fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século 6º. a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de preguiçosos.
A fábula já era cultivada entre assírios e babilônios, no entanto foi o grego Esopo quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua Revolução dos Bichos (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política).
As literaturas portuguesa e brasileira também cultivaram o gênero com Sá de Miranda, Diogo Bernardes, Manoel de Melo, Bocage, Monteiro Lobato e outros.Uma fábula é um conto em que as personagens falam sendo animais e que há sempre uma frase a ensinar-nos alguma coisa para não cometermos erros. As fabulas são narrativas curtas,que os personagens são animais, que sempre no final mostra uma lição de moral!
A CIGARRA E A FORMIGA
La Fontaine (1621-1695)
Tradução de Bocage (1765-1805)
Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!
O Livro das Virtudes
Uma antologia de William J. Bennett, 1995
ATIVIDADE
a) Qual é a idéia de trabalho da formiga má? __________________________
____________________________________________________________
b) E por trás da formiga boa?______________________________________
____________________________________________________________
c) Na comparação entre os dois textos, considerando especialmente os subtítulos, você saberia dizer qual seria a concepção de trabalho de Monteiro Lobato?
__________________________________________________________________________________________________________________________
d) Diga por que os dois textos mantêm o mesmo gênero textual, apesar das diferenças de informações.______________________________________
_____________________________________________________________
e) Diga por que esses dois textos são considerados como fábulas.____________
_____________________________________________________________
f) Escolha algum outro texto que tenha animais como personagens, mas que você não reconheça como fábula e justifique, intuitivamente por que não se trata desse gênero._________________________________________________
g) Qual a diferença na estrutura do texto de La Fontaine e no de Monteiro Lobato? São do mesmo gênero Textual?
____________________________________________________________
h) O que você considera como trabalho, quando se trata das fábulas acima?
_____________________________________________________________
i) Quem são os personagens dos textos acima?__________________________
j) Quem são os autores das fábulas?__________________________________
Retire do Texto de La Fontaine palavras que rimam._______________________
__________________________________________________________________________________________________________________________
03:17 |
GÊNEROS TEXTUAIS E COMPETENCIA SÓCIO-COMUNICATIVA
A CIGARRA E A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu _ tique, tique, tique... Aparece uma formiga, friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? _ perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de um agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse:
- Eu cantava, bem sabe...
- Ah! ... exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
A CIGARRA E A FORMIGA MÁ
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou _ emprestado, notem! _ uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse. Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
- Que fazia você durante o bom tempo?
- Eu... Eu cantava!...
- Cantava? Pois dance agora... - e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu estanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. Ë que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse quem daria pela falta dela?
Os artistas _ poetas, pintores e músicos _ são as cigarras da humanidade.
Monteiro Lobato
Gênero narrativo
O gênero narrativo nada mais faz do que relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. As narrativas utilizam-se de diferentes linguagens: a verbal (oral ou escrita), a visual (por meio da imagem), a gestual (por meio de gestos), além de outras.
Quanto à estrutura, ao conteúdo e à extensão, pode-se classificar as obras narrativas em romances, contos, novelas, poemas épicos, crônicas, fábulas e ensaios. Quanto à temática, às narrativas podem ser histórias policiais, de amor, de ficção e etc.
Todo texto que traz foco narrativo, enredo, personagens, tempo e espaço, conflito, clímax e desfecho é classificado como narrativo.
Textos narrativos
Seguem, abaixo, modalidades textuais pertencentes ao gênero narrativo.
• Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos de caráter verossímil.
• Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil (não tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais são animais ou objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
• Epopéia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Três belos exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisséia, de Homero.
• Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevialidade do conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O alienista, de Machado de Assis, e A metamorfose, de Kafka.
• Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados. Inicialmente, fazia parte da literatura oral e Boccaccio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão.
• Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica.
A FÁBULA
A fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século 6º. a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem. Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para o ser humano. Cada bicho simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como, por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho etc. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de preguiçosos.
A fábula já era cultivada entre assírios e babilônios, no entanto foi o grego Esopo quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua Revolução dos Bichos (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política).
As literaturas portuguesa e brasileira também cultivaram o gênero com Sá de Miranda, Diogo Bernardes, Manoel de Melo, Bocage, Monteiro Lobato e outros.Uma fábula é um conto em que as personagens falam sendo animais e que há sempre uma frase a ensinar-nos alguma coisa para não cometermos erros. As fabulas são narrativas curtas,que os personagens são animais, que sempre no final mostra uma lição de moral!
A CIGARRA E A FORMIGA
La Fontaine (1621-1695)
Tradução de Bocage (1765-1805)
Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!
O Livro das Virtudes
Uma antologia de William J. Bennett, 1995
ATIVIDADE
a) Qual é a idéia de trabalho da formiga má? __________________________
____________________________________________________________
b) E por trás da formiga boa?______________________________________
____________________________________________________________
c) Na comparação entre os dois textos, considerando especialmente os subtítulos, você saberia dizer qual seria a concepção de trabalho de Monteiro Lobato?
__________________________________________________________________________________________________________________________
d) Diga por que os dois textos mantêm o mesmo gênero textual, apesar das diferenças de informações.______________________________________
_____________________________________________________________
e) Diga por que esses dois textos são considerados como fábulas.____________
_____________________________________________________________
f) Escolha algum outro texto que tenha animais como personagens, mas que você não reconheça como fábula e justifique, intuitivamente por que não se trata desse gênero._________________________________________________
g) Qual a diferença na estrutura do texto de La Fontaine e no de Monteiro Lobato? São do mesmo gênero Textual?
____________________________________________________________
h) O que você considera como trabalho, quando se trata das fábulas acima?
_____________________________________________________________
i) Quem são os personagens dos textos acima?__________________________
j) Quem são os autores das fábulas?__________________________________
Retire do Texto de La Fontaine palavras que rimam._______________________
__________________________________________________________________________________________________________________________
ATIVIDADES DO GESTAR TP3
03:04 |
ESCOLA INÁCIO SOUZA MOITA
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAIKA BARRETO
AULA 4
GÊNEROS TEXTUAIS I
Muito se tem falado sobre a diferença entre "tipos textuais" e "gêneros textuais". Alguns teóricos denominam dissertação, narração e descrição como "modos de organização textual", diferenciando-os das nomenclaturas específicas que são consideradas "gêneros textuais".A fim de simplificar o entendimento de diversos estudos em torno desse assunto, foi criado o quadro abaixo, pautando-se no estudo de Luiz Antônio Marcushi.
Tipos textuais
Designam uma seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas.
NarraçãoDescrição
Argumentação
Predição
Injunção
Gêneros textuais
São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal.
Carta pessoal, comercial, bilheteDiário pessoal, agenda, anotações
Romance
Resenha
Blog
Bate-papo (Chat)
Orkut
Vídeo-conferência
Second Life (Realidade virtual)
Fórum
Aula expositiva, virtual
Reunião de condomínio, debate
Entrevista
Lista de compras
Piada
Sermão
Cardápio
Horóscopo
Instruções de uso
Inquérito policial
Telefonema etc.
BIBLIOGRAFIA INDICADA
DIONÍSIO, Angela Paiva, MACHADO; Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
MARCUSHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
ESCOLA INÁCIO SOUZA MOITA
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAIKA BARRETO
ALUNO (S):_________________________
SÉRIE E TURMA:____________N.º_______
CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO NARRATIVO
• Apresenta fatos vividos pelos personagens, em determinado tempo e lugar;
• Conta fatos reais ou fictícios;
• Apresenta um narrador que conta uma história.
TEXTO 1
TRAGÉDIA BRASILEIRA
Misael, funcionário da fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa__ prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
1933
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20ª Ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, pág. 160.
O texto em pauta é uma narração já que:
a) Relata progressivas mudanças de estado que foram ocorrendo através do tempo;
b) Há relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados;
c) Não é possível alterar a sequência dos enunciados sem interferir radicalmente no sentido global do texto.
Como comentário final, convém notar que uma narração não se esgota com mero relato de transformações que se sucedem no tempo. Ao fazer o relato, o narrador deixa entrever certa visão de mundo.
No caso especifico dessa narração, que acabamos de ler, o narrador, através dos recursos que explora para caracterizar os personagens e para relatar os fatos, deixa transparecer sua visão de descrença e de pessimismo: as relações entre os homens _ até mesmo as amorosas _ são presididas pelos interesses, e não por amor.
ATIVIDADE:
A- INTERPRETAÇÃO:
1- A quê você acha que se refere esse título “Tragédia Brasileira”?
2- Vocês acham o título adequado para o texto? Se você fosse mudar, que outro título daria para ele?
3- Qual o nome dos personagens?
4- Qual terá sido a intenção do autor ao citar a idade do homem?
5- Quais as características de Maria Elvira que o autor mostra? E de Misael?
6- Retire do texto um trecho onde o autor deixa transparecer sua descrença nas pessoas/relação amorosa.
7- Você acha que Maria Elvira amava Misael? Por quê?
8- No terceiro parágrafo do texto, o narrador relata uma mudança de estado que ocorreu na vida da personagem Maria Elvira.
a) Identifique o estado anterior e o posterior.
b) Qual a atitude desse personagem diante do novo estado?
9- Numa passagem posterior, o marido toma uma atitude impensada.
a) Que atitude é essa?
b) Explique por que ele agiu assim.
B- GRAMÁTICA NO TEXTO:
10- Retire do texto substantivos próprios.
C- DEBATE:
11- Discussão sobre o tema: TIPOS DE VIOLÊNCIA. Dividam-se em grupos para ler o texto e discutir sobre o assunto e depois fazer debate geral.
D- PRODUÇÃO TEXTUAL:
12- Transforme o desfecho dessa narrativa, ou seja, dê-lhe outro final.
13- Transformem este texto em notícia de jornal.
E- PESQUISA:
14- Pesquisem a biografia do Autor.
15- Leia outra obra do autor e comente sobre ela.
16- Existe uma lei e pena para cada crime. Sabendo que Misael cometeu um assassinato, Pesquise no Código Penal a pena para o crime de homicídio.
BIBLIOGRAFIA:
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Tereza Cochar. Todos os textos: Uma proposta de produção textual a partir de gêneros e Projetos. São Paulo: Atual, 1998.
Apostila da disciplina Português Instrumental. Professora Ana Lygia Cunha. Marabá, 2001.
ATIVIDADES DO GESTAR TP3
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DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAIKA BARRETO
AULA 4
GÊNEROS TEXTUAIS I
Muito se tem falado sobre a diferença entre "tipos textuais" e "gêneros textuais". Alguns teóricos denominam dissertação, narração e descrição como "modos de organização textual", diferenciando-os das nomenclaturas específicas que são consideradas "gêneros textuais".A fim de simplificar o entendimento de diversos estudos em torno desse assunto, foi criado o quadro abaixo, pautando-se no estudo de Luiz Antônio Marcushi.
Tipos textuais
Designam uma seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas.
NarraçãoDescrição
Argumentação
Predição
Injunção
Gêneros textuais
São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal.
Carta pessoal, comercial, bilheteDiário pessoal, agenda, anotações
Romance
Resenha
Blog
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Orkut
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Second Life (Realidade virtual)
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Aula expositiva, virtual
Reunião de condomínio, debate
Entrevista
Lista de compras
Piada
Sermão
Cardápio
Horóscopo
Instruções de uso
Inquérito policial
Telefonema etc.
BIBLIOGRAFIA INDICADA
DIONÍSIO, Angela Paiva, MACHADO; Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
MARCUSHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
ESCOLA INÁCIO SOUZA MOITA
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAIKA BARRETO
ALUNO (S):_________________________
SÉRIE E TURMA:____________N.º_______
CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO NARRATIVO
• Apresenta fatos vividos pelos personagens, em determinado tempo e lugar;
• Conta fatos reais ou fictícios;
• Apresenta um narrador que conta uma história.
TEXTO 1
TRAGÉDIA BRASILEIRA
Misael, funcionário da fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa__ prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
1933
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20ª Ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, pág. 160.
O texto em pauta é uma narração já que:
a) Relata progressivas mudanças de estado que foram ocorrendo através do tempo;
b) Há relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados;
c) Não é possível alterar a sequência dos enunciados sem interferir radicalmente no sentido global do texto.
Como comentário final, convém notar que uma narração não se esgota com mero relato de transformações que se sucedem no tempo. Ao fazer o relato, o narrador deixa entrever certa visão de mundo.
No caso especifico dessa narração, que acabamos de ler, o narrador, através dos recursos que explora para caracterizar os personagens e para relatar os fatos, deixa transparecer sua visão de descrença e de pessimismo: as relações entre os homens _ até mesmo as amorosas _ são presididas pelos interesses, e não por amor.
ATIVIDADE:
A- INTERPRETAÇÃO:
1- A quê você acha que se refere esse título “Tragédia Brasileira”?
2- Vocês acham o título adequado para o texto? Se você fosse mudar, que outro título daria para ele?
3- Qual o nome dos personagens?
4- Qual terá sido a intenção do autor ao citar a idade do homem?
5- Quais as características de Maria Elvira que o autor mostra? E de Misael?
6- Retire do texto um trecho onde o autor deixa transparecer sua descrença nas pessoas/relação amorosa.
7- Você acha que Maria Elvira amava Misael? Por quê?
8- No terceiro parágrafo do texto, o narrador relata uma mudança de estado que ocorreu na vida da personagem Maria Elvira.
a) Identifique o estado anterior e o posterior.
b) Qual a atitude desse personagem diante do novo estado?
9- Numa passagem posterior, o marido toma uma atitude impensada.
a) Que atitude é essa?
b) Explique por que ele agiu assim.
B- GRAMÁTICA NO TEXTO:
10- Retire do texto substantivos próprios.
C- DEBATE:
11- Discussão sobre o tema: TIPOS DE VIOLÊNCIA. Dividam-se em grupos para ler o texto e discutir sobre o assunto e depois fazer debate geral.
D- PRODUÇÃO TEXTUAL:
12- Transforme o desfecho dessa narrativa, ou seja, dê-lhe outro final.
13- Transformem este texto em notícia de jornal.
E- PESQUISA:
14- Pesquisem a biografia do Autor.
15- Leia outra obra do autor e comente sobre ela.
16- Existe uma lei e pena para cada crime. Sabendo que Misael cometeu um assassinato, Pesquise no Código Penal a pena para o crime de homicídio.
BIBLIOGRAFIA:
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Tereza Cochar. Todos os textos: Uma proposta de produção textual a partir de gêneros e Projetos. São Paulo: Atual, 1998.
Apostila da disciplina Português Instrumental. Professora Ana Lygia Cunha. Marabá, 2001.
GESTAR TP 3 UNID. 9
17:14 |
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AULA 3
BIOGRAFIA
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte , começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismoem Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo
Os primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934). Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.
ATIVIDADE:
1- Pesquisem a biografia de outro autor e selecione um texto (poema, crônica, etc.). Não esqueçam da bibliografia.
2- Criem a sua Biografia e seu próprio poema.
BIOGRAFIA
POEMA:
GESTAR TP 3 UNID. 9
17:14 |
ESCOLA INÁCIO SOUZA MOITA
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAIKA BARRETO
ALUNO (S):__________________________________________________________
SÉRIE E TURMA:_____________________N.º____________________________
AULA 3
BIOGRAFIA
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte , começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismoem Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo
Os primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934). Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.
ATIVIDADE:
1- Pesquisem a biografia de outro autor e selecione um texto (poema, crônica, etc.). Não esqueçam da bibliografia.
2- Criem a sua Biografia e seu próprio poema.
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